quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

nada

[por adriana clemente]

uns vão, outros vem,
mudam de lugar, posição [status],
consultam seu estrato [saldo],
saldam e calam.

órbitas e celulas mudam discretamente de lugares,
alterando nosso zodíaco e saúde.

ontem ja foi, hoje -porque vais?
é cedo, -tenho medo!
tarde descobri o vazio vagando nas memórias vastas.
extenso, maior que o latinfúndio desse coração,
maior que a solidão de 7 bilhão.

uns eufóricos,
outros tranquilos.
uns preocupados,
outros meninos.

moléculas fortes,
sexos frágeis.

vida e Marte,
vejo Vênus!

estéticas
esquelestica

remédio e fé, veneno e fel
compartilham o mesmo espaço da pratilheira antiga da novidade.

ontem algo fazia sentido
hoje tanto faz

uns vão, outros vem
e eu nem...

sábado, 10 de dezembro de 2011

diário sem bordo

[Frida Khalo, Moses (Nucleus of Creation) - 1945]



Reflexos
[por adriana clemente]

Hoje o dia começou mais cêdo.
.Acordei ansioso, como se me faltasse algo, revirei minhas lembranças e não encontrei...
.Nenhuma estrela brilhou no céu,mas na T.V. vi surgir um novo astro.
O céu estava de um azul, que inspiravam qualquer ser, mas os sonhos das crianças da esquina do pecado estavam se apagando.
Prossegui meu trajeto e a tragédia do dia se espalhava boca-a-boca nas calçadas enquanto velhos descalços cruzavam a rua.
Quis dar continuidade ao meu dia com o sorriso estampado no rosto, de um bom funcionário que alegre senta em sua cadeira confortável em frente ao computador, mas as notícias na internet eram bem mais desconfortáveis.
Coloquei meus óculos, aquele que a gente usa para não certas coisas, só que a realidade era bem mais escura do que eu imaginava.
.Liguei para o amor, mas nossos créditos estavam acabando e na correria do dia-a-dia, não havia muito espaço para palavras agradáveis de quem se quer bem.
Sai para o almoço e a comida descia amarga como as lágrimas do rosto dos que têm fome. IRRF, ISS, INSS, e outras siglas escorriam pelo ralo e viravam lama, enquanto lavava meu rosto.
No espelho surpreso vi o rosto de alguém que descobre a realidade.
No peito, batia um coração e alma se revirava dentro do corpo, como se quisesse fugir da realidade, que não tem nada de real, mas além de tudo estava presa a vida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

7 bilhões são 7 bilhões!


[inlustração retiradas do google imagens]

Éramos uns poetas loucos, místicos
Éramos tudo o que não era são;
Agora são com dados estatísticos
Os cientistas que nos dão razão.

De que valeu, em suma, a suma lógica
Do máximo consumo de hoje em dia,
Duma bárbara marcha tecnológica
E da fé cega na tecnologia?

[É fogo, musica e letra- Lenine]



Vamos para frente que atraz vem gente!

.....Atingimos finalmente a marca de 7 bilhões de habitantes em nosso estimado Blue Planet. Isso causa uma oscilação de sentimentos em mim que ora se mostra feliz, ora se mostra preocupado.
.....Imagine uma casa com 7 bilhões de habitantes, onde não há manutenção nem preocupação com a estrutura que os abriga, 7 bilhões de habitantes extraindo matéria-prima da natureza, preocupados em produzir, vender, lucrar, vencer na vida sem a reposição nem a consciêntização de que tudo pode acabar. Alguns desses inconcientes, ou não, na tentativa/luta por/de sobrevivência.
.....Há tantos Fabianos¹, pobres diabos com suas VIDAS SECAS que mendigam por aí, enquanto 20% da população mais rica detêm 77% de toda riqueza mundial (dados encontrados na página: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2011/10/31/mundo-supera-os-7-bilhoes-de-habitantes.jhtm) .
.....Estamos demasiadamente preocuado em qual planeta vamos deixar nosso filhos e netos? Caso afirmativo, eu me pergunto: -Que tipo de filhos e netos vamos deixar para o planeta? Eis a questão.
.....Há tanto recurso, tanta tecnologia, tanto conhecimento que eu nem sei explicar, estes estão detidos no monopólio de uma classe dominante qualquer, em algum lugar que eu não tenho direito nem dinheiro para entrar, ou estão barrados pela famosa bu(r)rocrasia , quem sabe até no engarrafamento do trânsito da globalização.
.....As informações, a comida, as vestes, o conhecimento são produtos caros expostos na vitrine do capitalismo. Capitalismo? Quem nunca ouviu falar disso, atire a primeira cédula! É fácil encontrar arquivos, projetos sóciais/culturais que se dedicam ao combate do capitalismo ao consumo consciente e blá, blá, blá...
.....Está na moda vestir uma roupinha de algodão cru, sem marcas é como dizem por aí "A moda, agora, é ser démodé", sem marcas, ou pelo menos ocultas do que verdadeiramente somos, consumidores passivos ou ativos que consomem, consomem até sumir, e, isso é como colocar coca-cola em uma jarra de suco ou como comprar roupas de grife e arrancar as etiquetas. Como falou Carl Max "O proletariado, antes de mais nada, precisa acabar com sua própria burguesia".
.....Certa vez um amigo me disse, "não há nenhum problema em se usar máscaras", concordo! Quantos de nós rimos para alguém com vontade de ignorar? Eu também bebo coca-cola, cerveja, essas coisas industrializadas que engordam e fazem mal a saúde. O problema é quando acreditamos em nossas próprias mentiras e ignoramos a realidade, quando bebemos coca-cola pensando ser um suco natural, de frutos colhidos em alguma safra sem nenhum agrotoxico. Seria, isso, possível?
.....Diante de tantas novidades muita coisa ainda anda do mesmo jeito. A fome ainda é fome, mas eu a chamaria , hoje, de desrespeito. A miséria ainda é miséria, mas eu a chamaria de desmoralização.
.....É óbvio que um país rico é um país sem miséria. Isso é uma verdade incontestável!
.....A pergunta que não quer calar é se vamos acabar com a miséria, aliaz, queremos acabar com a miséria? Recursos e tecnologia a humanidade tem e sobram, mas a miséria gera lucro. Repito! Há tantos projetos sociais/culturais espalhados por esse mundo de meu Deus, editais e mais editas são abertos todos os dias, há programas do governo, bolsa isso, bolsa aquilo e porque a miséria não acaba? Não quero aqui tirar nenhum mérito desses projetos, é louvável o resultado dessas ações. Mas minha pequena inteligência humana, da qual dizem ser ultilizada apenas 10% de sua capacidade, não consegue entender esse fato.
.....Assim como o capitalismo vive na produção de falta, essas iniciativas vivem na produção de pequenos resultados, é preciso apresentar números para que sejam aprovados novos projetos, mas sempre resta uma parte que não é beneficiada, essa, é justamente a parte que garantirá novos projetos e idem, idem, idem...
.....E eu não sou a única a pensar assim, certamente no meio desses 7 bilhões, deve existir alguém que compartilha desse mesmo espirito e como disse o grande Raul Seixas " eu não sou nem louco para dar uma de heroi" , Tiradentes que o diga, acabou sendo enforcado e sua recompensa é ser lembrado em um feriado nacional e no ensino fundamental com desenhos que parece ser Jesus Cristo, se é que eles eram assim, mas isso é outra indagação.
.....Dá licencinha, eu tenho que ir ali alimentar as planilhas do PIB...

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Fabiano é o nome do personagem principal do livro VIDAS SECAS de Graciliano Ramos.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Fe/minina

[ Pinturas do romantismo]


Se quiseres posso ser a musa dos teus versos

Líricos em aversos loucos.

Parnasos ou românticos


Gosto de ser realista,

Mas sempre me [abs]traio.


As vezes pinto um estilo moderno,

rebuscado

Lapidado em lama,

Queimado em tuas chamas.

Há leves detalhes de cetim, espalhado em mim.


Sou aquela, essa, a outra.

Sou mulher que ama,

amante,

armadilha.

Sou fe[minina].

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Não lugar.


Talvez em algum lugar eu fique à vontade para viver.
Por enquanto, em lugar algum, eu tenho vontade de viver.
Pode ser que aqui não seja meu lugar,
Ou, que eu não tenha lugar em lugar nenhum.
Sinto-me [des] locado.

[adriana clemente]

terça-feira, 19 de julho de 2011

Uni-versos

[foto,Luigi Melnechuky]

Daqui, p'ro Universo em versos.
[por adriana clemente]

Não quero uma poesia,
Que se meça por regras nem réguas.
Quero uma poesia liberta.
Que possa voar em alvedrio,
Mesmo que seja, apenas, nos ares da solidão.
Quero a poesia do asterismo singular.
Uma poesia que clame em gritos,
E ensurdeça os ouvidos da alma.
E sem guisa ou guia
Tateie os caminhos desconhecidos da vida.
Sem uma gota de piegas,
Muito menos piedade.
Que nasça,
Como a dor e alegria de um parto.
Parco.
Que me presenteie, nesse futuro presente,
E de passagem, me faça partir.
Daqui p'ro universo...
Em versos.