sábado, 10 de dezembro de 2011

diário sem bordo

[Frida Khalo, Moses (Nucleus of Creation) - 1945]



Reflexos
[por adriana clemente]

Hoje o dia começou mais cêdo.
.Acordei ansioso, como se me faltasse algo, revirei minhas lembranças e não encontrei...
.Nenhuma estrela brilhou no céu,mas na T.V. vi surgir um novo astro.
O céu estava de um azul, que inspiravam qualquer ser, mas os sonhos das crianças da esquina do pecado estavam se apagando.
Prossegui meu trajeto e a tragédia do dia se espalhava boca-a-boca nas calçadas enquanto velhos descalços cruzavam a rua.
Quis dar continuidade ao meu dia com o sorriso estampado no rosto, de um bom funcionário que alegre senta em sua cadeira confortável em frente ao computador, mas as notícias na internet eram bem mais desconfortáveis.
Coloquei meus óculos, aquele que a gente usa para não certas coisas, só que a realidade era bem mais escura do que eu imaginava.
.Liguei para o amor, mas nossos créditos estavam acabando e na correria do dia-a-dia, não havia muito espaço para palavras agradáveis de quem se quer bem.
Sai para o almoço e a comida descia amarga como as lágrimas do rosto dos que têm fome. IRRF, ISS, INSS, e outras siglas escorriam pelo ralo e viravam lama, enquanto lavava meu rosto.
No espelho surpreso vi o rosto de alguém que descobre a realidade.
No peito, batia um coração e alma se revirava dentro do corpo, como se quisesse fugir da realidade, que não tem nada de real, mas além de tudo estava presa a vida.